30 de julho de 2010

O Latim e a Igreja

O latim existia desde os tempos pré-históricos, enquanto idioma. Porém foi somente a partir do século III a.C. que passou a adquirir uma forma literária, construindo-se aos poucos uma gramática com regras explícitas. A consolidação dessa gramática se deu por volta do século I a.C., que é considerado o período clássico do latim.

Quando nos referimos ao latim clássico, estamos nos dirigindo à época do apogeu do império romano. Referindo-nos ao latim da época de Cícero, César, Sêneca. No entanto, ao lado desta língua erudita, somente falada e escrita pelas pessoas letradas, havia o latim popular, que possuía uma forma mais livre e sem a exatidão das regras gramaticais. O latim vulgar era falado pelas pessoas do povo e, principalmente, pelos soldados romanos, que participavam das guerras de conquistas. Foi deste latim popular, durante as expedições de ocupação das legiões romanas, e com o encontro com outros idiomas falados nas diversas localidades, que se originaram as línguas românicas, dentre elas, o português, o espanhol, o francês, o italiano.

Paralelamente a isto, a partir do século III d.C., com a expansão do cristianismo pelo império romano, temos o período cristão da língua latina. Representado pelos escritores eclesiásticos como Santo Agostinho, São Jerônimo, Tertuliano, Santo Ambrósio, dentre outros. No Brasil, foi este latim com influências eclesiásticas que mais predominou no ensino, com a matiz italiana da pronúncia (devido o Vaticano), ensinada nas escolas brasileiras até o início dos anos 60.
O latim eclesiástico, as vezes chamado de latim da Igreja, é o latim usado pela Igreja Católica Romana em todos os períodos, para propósitos eclesiásticos. Pode ser distinguido do latim clássico por algumas variações léxicas e uma pronúncia italianada.
Este tipo de latim é visto em diversos contextos, todos participantes da Igreja Católica Romana. Esses eventos podem ser: obras teológicas, ritos litúrgicos e proclamações dogmáticas. É utilizada na Vulgata, no Cânone Romano da Missa do Rito Romano e no Summa Theologica de São Tomás de Aquino. O Latim cristão é o latim utilizado por escritores cristão do passado. Na antiguidade e na Idade Média era determinado o estilo para o uso do latim; nos dias de hoje o estilo é livre e depende do contexto.

A Santa Sé usa o latim como sua língua oficial. Existem discussões sobre uma mudança de idioma, porém essa mudança é pouco provável. Isto devido ao fato do latim ser uma língua antiga, isto é, é pouco utilizada hoje em dia, quase não sendo falada. Ele possui a vantagem de que o sentido de suas palavras tem uma chance pequena de mudar através dos séculos, já que é tão pouco utilizada. Isto auxilia na manutenção da precisão teológica e no resguardo da ortodoxia. Em concordância com isto, papas recentes reafirmaram a importância do latim para a Igreja e em particular para aqueles que se dedicam ao estudo eclesiástico. A missa em latim, nunca oficialmente suspensa, foi caindo em desuso. Em 1982, o Papa João Paulo II decretou que, para oficiar a cerimônia tridentina, é preciso recolher assinaturas e pedir a permissão ao bispo da diocese onde se deseja celebrá-la.
Tem quem afirma que o latim é uma língua morta. Essa afirmação é completamente errônea. A uma língua morta não cabe qualquer uso, nem escrito, muito menos falado. Como há a utilização do latim pela igreja, tanto na escrita de seus documentos, quanto algumas missas especiais, ele se caracteriza como uma língua antiga, contudo não morta.
Documentos em latim são comuns, como por exemplo, este abaixo. Este documento é uma carta de nomeação dos membros do Pontifício Conselho para a Família, onde são nomeados o Sr. Simão Cirineu dos Santos e sua esposa Dª Ana Maria Duarte. Expedido pelo Vaticano é assinado por um cardeal. Vê-se que o documento é todo em latim, porém é feita uma versão do mesmo documento em português, que é enviada para o nomeado junto com a em latim. Aí vai um questionamento, essa versão em português é autêntica e verídica? E como seria sua análise tipológica?



Estejam à vontade para responderem e discutirem aqui mesmo no blog.


PS: Uma curiosidade para vocês.


No site http://www.voltaparacasa.com.br/oracoes.htm existem diversas orações em latim e suas traduções para o português. O pai nosso em latim é assim:


Pater noster, qui es in caelis Sanctificétur nomen tuum: Advéniat regnum tuum: Fiat voluntas tua, sicut in caelo, et in terra.Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie : Et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris.Et ne nos indúcas in tentatiónem. R/. Sed líbera nos a malo. Amen.

^^

9 de julho de 2010

Os irresistíveis falsários...


Depois de passar quase uma aula inteira vendo filme... vamos ao trabalho pesado.
Essa tarefa consiste em discutir, em cima de três documentos que aparecem no filme, se são diplomaticamente autênticos, legalmente autênticos e historicamente autênticos. Também vamos explicar quem atestou a autenticidade de cada um deles e analisar sua veracidade.

Então vamos lá!



O quadro de Eva Braun.


A autenticidade do quadro é totalmente contestável, já que o perito foi alguém que esteve próximo a Hitler. Ele só atestou a autenticidade do quadro para afirmar que esteve próximo à Hitler, inventando até mesmo todo um ambiente para alegar que o quadro era verídico. Apesar de a situação ser totalmente absurda, já que o pintor não tinha noção do que estava pintando e criou o quadro do “nada”, a partir de sua própria imaginação. Sendo assim, nunca teve contato com o quadro que Hitler pintou, supondo que exista mesmo esse quadro original. A nosso ver, o quadro de Eva não é diplomaticamente autêntico, já que o falsário não possuía a original do quadro (se é que ele realmente existiu), para pintar o segundo. Sendo assim não sabia dos detalhes que realmente estavam presentes no quadro. Há ainda o fato de que o falsário diz ter representado Eva Braun, mas ele não pinta o corpo dela (mas sim o de uma camponesa que ele encontra) o que torna o quadro totalmente falsificado.
Porém se o perito tiver autoridade para atestar que o quadro é genuíno, ele pode ser considerado legalmente autêntico. Já diplomaticamente o quadro é não autêntico, pois sua assinatura não é a de quem é alegada a autoria (Hitler) e é provável que a tela, a tinta e os pincéis utilizados não são semelhantes aos que Hitler utilizara, se o quadro original for mesmo real. Historicamente falando, se a história que o perito contou for verdadeira o quadro pode ser considerado historicamente autêntico, já que retrata um fato realmente ocorrido. Porém, por não se tratar realmente do corpo de Eva, e sim de outra mulher o quadro não pode ser verídico.


Os diários de Hitler


Foram atestados como autênticos pelos que leram e assim presumiram que Hitler também vivia uma vida cotidiana. Mais tarde, eles pediram uma carta para provar a autenticidade dos diários (que será analisada depois), carta essa falsamente produzida. Os diários também não são diplomaticamente autênticos. Apesar de todo o artifício utilizado pelo falsário para provar a autenticidade dos diários como: envelhecer o papel, falsificar a letra de Hitler, ambientar as histórias na época e outros. Quando os documentos foram colocados à prova e melhor analisados verificou-se que a tinta e o papel utilizados não eram da época em que Hitler esteve vivo, notou-se a falsificação da letra de Hitler e possivelmente outras características que mostram a inautenticidade dos diários. Já se são legalmente autênticos, entra novamente na questão anterior, no filme mostra que foram autenticados pela justiça numa primeira parte. Mas logo em seguida, após ter uma análise mais aprofundada de peritos especializados, foi comprovado que eram falsos, ou seja, passam a ser legalmente não autênticos e como essa é a verdade é a que prevalece.
Os diários não são historicamente autênticos, já que, apesar dos fatos narrados acontecerem realmente, não ocorreram com a pessoa que alegam (Hitler), mas sim com o falsário. Pelas histórias terem ocorrido realmente com o falsário, para este os diários podem ser considerados verídicos. Contudo, quando afirmado que as histórias ocorreram com Hitler o documento perde a veracidade, já que Hitler não viveu nenhuma dessas histórias.


A carta Hitler atesta a autenticidade dos diários, pedida ao Prof. Knobel, quando ele estava com um surto de febre.


Essa carta foi utilizada para atestar a autenticidade dos diários, analisados acima. As pessoas que atestaram sua autenticidade buscavam, a sua maneira, uma forma de chamar atenção para si, vamos brincar um pouco e analisar as pessoas chamadas para tanto. Por exemplo, um dos que atestaram verídicos os diários era um judeu, ele poderia julgar autêntico os diários feitos por Hitler para mostrar que Hitler também tinha uma vida cotidiana, se tornando um ser humano comum, e não um deus como os nazistas o viam. Já um outro foi sua forma de falar que estava próximo à Hitler e conhecia sua vida e assim por diante. Não há exames de pessoas que poderiam analisar os diários de forma especializada. Eles analisaram somente a grafia para atestar a autenticidade da carta. Para ela ser diplomaticamente autêntica, precisaria verificar todos os outros elementos pertinentes contidos na carta, como: a tinta utilizada, o papel, etc. Legalmente, a carta deve ser diplomaticamente autêntica e verídica para poder possuir fé pública. A carta, durante certo instante, foi considerada autêntica. Porém se analisarem mais profundamente, verificando o papel, a assinatura, a grafia e todos os outros elementos internos e externos do documento, perceberão que ela não é autêntica.
Já historicamente falando, do nosso ponto de vista, a carta não é autêntica, devido não ter sido Hitler quem vivenciou toda a experiência. Pela mesma razão a carta não é verídica para o filme. Contudo, ela é verídica para o falsário, já que este sim vivenciou realmente todas as narrativas contidas nos documentos.



Então é isso... aproveitem para comentar, perguntar e contestar.

4 de julho de 2010


Olha a cobra, é mentira!!!

Uma das frases mais escutada nas festas Juninas.
Tradicional as festas juninas Brasileira ocorrem durante os meses de junho e julho (em alguns casos ate em agosto). Mas é no mês de junho que a Igreja Católica comemora suas festas em homenagem a Santo Antônio, São Pedro e São João.
Através das festas juninas realizadas em todo o país esses santos são aclamados pelas suas bênçãos para com todo o povo. Hoje gostaria de falar especificamente de Santo Antônio de Pádua.
Próximo a Brasília esta localizada (há aproximadamente 56 km) a cidade de Santo Antônio do Descoberto criada em homenagem a Santo Antônio.
Ainda no período do ouro entre 1718 e 1722 dois garimpeiros encontraram a imagem de Santo Antônio de Pádua embaixo de um pé de angico, na esperança de ter amenizado os castigos imposto pelo fazendeiro a quem eles deveriam entregar determinada quantidade de ouro diariamente e levaram a imagem até ele. O fazendeiro decidiu por não castiga-los e decretou dia de festa pelo achado.
Nos registro da igreja de Santa Luzia consta que após a criação da paróquia Santa Luzia foi criado um altar para a imagem de Santo Antônio. Porém a imagem ficou pouco tempo lá, logo ela desapareceu e foi dada como roubada, mas o inesperado aconteceu à imagem foi encontrada no mesmo local de sua aparição.
O fato se repetiu todas as vezes que foi levada a igreja e chegando lá voltava a seu lugar de origem. Conta-se ainda, que a última vez o vigário teria escondido a imagem dentro do cofre de Santa Luzia, mesmo assim a imagem desapareceu e foi encontrada embaixo do pé de angico.
A parti desses acontecimentos foi consentida pela Igreja Católica a construção de uma igreja no local do achado e ao redor se formou o chamado município de Santo Antônio do Descoberto. Todo ano a cidade realiza a festa junina para comemorar o dia de Santo Antônio registrada nos livros de tombo do estado de Goiás desde o ano de 1770.
Entre alguns milagres ocorridos na cidade, conta-se a história de um lavrador que ao voltar do trabalho, viu seu filho em cima de uma árvore muito alta, quando de repente viu o menino despencar do topo da árvore. O pai assustado e vendo que não chegaria a tempo para salva-lo gritou que lhe valesse, nessa hora, o glorioso Santo Antônio do Descoberto. E na mesma hora o milagre aconteceu o menino ficou parado no ar, ate que seu pai chegasse e o pegasse nos braços.

Esse é apenas um dos milagres de Santo Antônio, no mundo existem muitas manifestações dele e de seus Milagres. Sendo assim só podemos terminar o texto dizendo: VIVA, SANTO ANTÔNIO!!!


OBS: em outra oportunidade comentaremos sobre os dois outros santos citados.