9 de julho de 2010

Os irresistíveis falsários...


Depois de passar quase uma aula inteira vendo filme... vamos ao trabalho pesado.
Essa tarefa consiste em discutir, em cima de três documentos que aparecem no filme, se são diplomaticamente autênticos, legalmente autênticos e historicamente autênticos. Também vamos explicar quem atestou a autenticidade de cada um deles e analisar sua veracidade.

Então vamos lá!



O quadro de Eva Braun.


A autenticidade do quadro é totalmente contestável, já que o perito foi alguém que esteve próximo a Hitler. Ele só atestou a autenticidade do quadro para afirmar que esteve próximo à Hitler, inventando até mesmo todo um ambiente para alegar que o quadro era verídico. Apesar de a situação ser totalmente absurda, já que o pintor não tinha noção do que estava pintando e criou o quadro do “nada”, a partir de sua própria imaginação. Sendo assim, nunca teve contato com o quadro que Hitler pintou, supondo que exista mesmo esse quadro original. A nosso ver, o quadro de Eva não é diplomaticamente autêntico, já que o falsário não possuía a original do quadro (se é que ele realmente existiu), para pintar o segundo. Sendo assim não sabia dos detalhes que realmente estavam presentes no quadro. Há ainda o fato de que o falsário diz ter representado Eva Braun, mas ele não pinta o corpo dela (mas sim o de uma camponesa que ele encontra) o que torna o quadro totalmente falsificado.
Porém se o perito tiver autoridade para atestar que o quadro é genuíno, ele pode ser considerado legalmente autêntico. Já diplomaticamente o quadro é não autêntico, pois sua assinatura não é a de quem é alegada a autoria (Hitler) e é provável que a tela, a tinta e os pincéis utilizados não são semelhantes aos que Hitler utilizara, se o quadro original for mesmo real. Historicamente falando, se a história que o perito contou for verdadeira o quadro pode ser considerado historicamente autêntico, já que retrata um fato realmente ocorrido. Porém, por não se tratar realmente do corpo de Eva, e sim de outra mulher o quadro não pode ser verídico.


Os diários de Hitler


Foram atestados como autênticos pelos que leram e assim presumiram que Hitler também vivia uma vida cotidiana. Mais tarde, eles pediram uma carta para provar a autenticidade dos diários (que será analisada depois), carta essa falsamente produzida. Os diários também não são diplomaticamente autênticos. Apesar de todo o artifício utilizado pelo falsário para provar a autenticidade dos diários como: envelhecer o papel, falsificar a letra de Hitler, ambientar as histórias na época e outros. Quando os documentos foram colocados à prova e melhor analisados verificou-se que a tinta e o papel utilizados não eram da época em que Hitler esteve vivo, notou-se a falsificação da letra de Hitler e possivelmente outras características que mostram a inautenticidade dos diários. Já se são legalmente autênticos, entra novamente na questão anterior, no filme mostra que foram autenticados pela justiça numa primeira parte. Mas logo em seguida, após ter uma análise mais aprofundada de peritos especializados, foi comprovado que eram falsos, ou seja, passam a ser legalmente não autênticos e como essa é a verdade é a que prevalece.
Os diários não são historicamente autênticos, já que, apesar dos fatos narrados acontecerem realmente, não ocorreram com a pessoa que alegam (Hitler), mas sim com o falsário. Pelas histórias terem ocorrido realmente com o falsário, para este os diários podem ser considerados verídicos. Contudo, quando afirmado que as histórias ocorreram com Hitler o documento perde a veracidade, já que Hitler não viveu nenhuma dessas histórias.


A carta Hitler atesta a autenticidade dos diários, pedida ao Prof. Knobel, quando ele estava com um surto de febre.


Essa carta foi utilizada para atestar a autenticidade dos diários, analisados acima. As pessoas que atestaram sua autenticidade buscavam, a sua maneira, uma forma de chamar atenção para si, vamos brincar um pouco e analisar as pessoas chamadas para tanto. Por exemplo, um dos que atestaram verídicos os diários era um judeu, ele poderia julgar autêntico os diários feitos por Hitler para mostrar que Hitler também tinha uma vida cotidiana, se tornando um ser humano comum, e não um deus como os nazistas o viam. Já um outro foi sua forma de falar que estava próximo à Hitler e conhecia sua vida e assim por diante. Não há exames de pessoas que poderiam analisar os diários de forma especializada. Eles analisaram somente a grafia para atestar a autenticidade da carta. Para ela ser diplomaticamente autêntica, precisaria verificar todos os outros elementos pertinentes contidos na carta, como: a tinta utilizada, o papel, etc. Legalmente, a carta deve ser diplomaticamente autêntica e verídica para poder possuir fé pública. A carta, durante certo instante, foi considerada autêntica. Porém se analisarem mais profundamente, verificando o papel, a assinatura, a grafia e todos os outros elementos internos e externos do documento, perceberão que ela não é autêntica.
Já historicamente falando, do nosso ponto de vista, a carta não é autêntica, devido não ter sido Hitler quem vivenciou toda a experiência. Pela mesma razão a carta não é verídica para o filme. Contudo, ela é verídica para o falsário, já que este sim vivenciou realmente todas as narrativas contidas nos documentos.



Então é isso... aproveitem para comentar, perguntar e contestar.

Um comentário:

  1. Bom dia,
    Adorei seu blog, confira o banner da palestra sobre a História da Documentação em nosso blog:
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